DESEJOS MUNDANOS SÃO ILUMINAÇÃO
Escrito por Livro Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo
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A essência deste princípio pode ser encontrada no Sutra de Lótus. Trata-se de um conceito baseado na visão de que se pode alcançar a iluminação sem eliminar os desejos mundanos. Esta visão é totalmente contrária à do Budismo Hinayana, que pregava a idéia de que a erradicação dos desejosmundanos seria o pré-requisito para se atingir a iluminação. No Budismo de Nitiren Daishonin, este princípio indica que, com base em sua prática, pode-se transformar os desejos mundanos em iluminação, sem precisar erradicá-los. Na Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo, o presidente Ikeda afirma: “Em vez de fazer com que abandonemos nossos desejos mundanos, nossa prática budista possibilita-nos discernir sua verdadeira natureza e utilizá-los como uma força motriz para a felicidade.” O que são os desejos mundanos? O termo “desejos mundanos” muitas vezes pode ser associado à idéia de imoralidade ou de perversidade. Porém, esta é uma interpretação errada. A palavra “mundano” é utilizada no sentido de algo derivado do “mundo”. Portanto, “desejos mundanos” deve ser entendido como “desejos do mundo” ou como “desejos materiais”. Muitas pessoas almejam um bom emprego, enquanto outras, uma bela casa. Há aquelas que lutam para superar o carma de doença ou para criar um bom relacionamento familiar. Todos estes desejos fazem parte da vida de qualquer pessoa humana e compreendem os desejos mundanos, que evidentemente não podem ser erradicados. Porém, a prática do Budismo de Nitiren Daishonin faz com que estes desejos se transformem em iluminação, isto é, em felicidade. Como transformar os desejos mundanos em iluminação? O simples fato de possuirmos desejos não significa que estamos automaticamente “iluminados”. A palavra chave para a transformação dos desejos mundanos em iluminação é a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo ao Gohonzon. Quando recitamos Daimoku com sincera fé ao Gohonzon, podemos desenvolver o autocontrole para não sermos dominados pelos desejos mundanos, mas sim para que eles se tornem a força propulsora para o próprio crescimento. Na escritura Resposta a Kyo’o, Nitiren Daishonin afirma: “O Nam-myoho-rengue-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 275.) Assim, quando se fortalece a prática da fé, mesmo uma grave doença deixará de ser um obstáculo para a felicidade. Pelo contrário, poderá se tornar um trampolim para o próprio desenvolvimento. E, naturalmente, essa transformação se aplica não só em relação a uma doença, mas também a outros tipos de problemas, desejos ou sofrimentos inerentes à vida diária. Esta transformação é justamente a aplicação prática do princípio de “desejos mundanos são iluminação”. A transformação dos desejos mundanos em iluminação está associada à elevação do estado de vida? De fato, quando elevamos nosso estado de vida, os diversos tipos de desejos mundanos, muitas vezes oriundos da nossa própria personalidade, acabam sendo redirecionados para um lado positivo da vida. Por exemplo, uma pessoa fortemente materialista e egoísta que almeja seu enriquecimento mesmo às custas da infelicidade de outros, com a prática da fé ao Gohonzon e a compreensão da profunda filosofia de vida do Verdadeiro Budismo, passa a manifestar um sentimento de se empenhar pela felicidade dos outros e pelo auto-aprimoramento como um valor humano para o Kossen-rufu. Assim, aquele intenso desejo inicial, de caráter puramente egoísta, transforma-se em um forte desejo de se desenvolver para contribuir em prol da felicidade das pessoas, demonstrando e comprovando o caminho da própria revolução humana. O que nos permite elevar o estado de vida são, sem dúvida, os esforços que empreendemos com base na recitação do Gongyo e do Daimoku, pois assim fazemos a causa para manifestar a sabedoria necessária para concretizar nossos objetivos. Na Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo, o presidente Ikeda cita as seguintes palavras de seu mestre, o segundo presidente Jossei Toda: “O Gohonzon possibilita-nos perceber nossos apegos a desejos mundanos exatamente como são. Acredito que cada um dos senhores tenha apegos. Eu também tenho. Por termos apegos, podemos conduzir uma vida interessante e significativa. Por exemplo, para ter sucesso nos negócios ou realizar muito Chakubuku, precisamos ter apegos com relação a essas atividades. Nossa fé permite-nos manter esses apegos de forma que não nos façam sofrer. Em vez de sermos controlados pelos apegos, precisamos fazer pleno uso deles a fim de sermos felizes.” Quando entendemos o princípio de bonno soku bodai, percebemos que da mesma forma que todos os seres humanos buscam seus desejos, todos podem também manifestar o estado de Buda nesta existência. Os desejos e apegos envolvem também a sociedade como um todo? A existência dos desejos e apegos é uma condição da nossa existência no mundo real. Conseqüentemente, assim como cada um de nós, individualmente, a sociedade como um todo também é regida por desejos e necessidades das mais variadas naturezas. Na obra Escolha a Vida, o presidente Ikeda enfatiza: “É essencial controlar o desejo para que ele possa desempenhar um papel na direção da humanidade, da sociedade e de todo o Universo no caminho da vida criativa. O controle, e não tentativas vãs de extinção, é a maneira certa de lidar com os desejos.” (Pág. 315.) Dessa forma, entendendo melhor o princípio de bonno soku bodai, vamos determinar nossos objetivos baseando-se na prática em primeiro lugar, conscientes de que este esforço influenciará positivamente não apenas nossa vida, mas também toda a sociedade.
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