O ser humano é a essência de tudo
Uma jovem garota, enfeitada com um laço amarelo, conduz o presidente Ikeda pela mão em meio à multidão. O local estava tomado por crianças da educação infantil e estudantes do ensino fundamental que alegravam o ambiente com seus uniformes coloridos.
No dia 1º de junho de 1974, em sua primeira visita à China, o líder da SGI é convidado a participar de um evento comemorativo do Dia das Crianças. A celebração foi realizada no Palácio Cultural do Povo Trabalhador, do lado leste da Praça Celestial da Paz, em Pequim. Apresentações musicais, de dança, de mágica, entre outras, alegravam o público de mais de 50 mil pessoas.
A garota que era guia do presidente Ikeda curiosamente perguntou: “De onde o senhor veio?”. Ele olhou bem firme para ela e carinhosamente disse: “Eu vim do Japão, vim para me encontrar com você!”. Esse é um famoso episódio que mostra a forte e viva crença do líder da SGI.
A essência de tudo é o ser humano. Dessa forma, incentivemos e façamos o melhor para a pessoa que se encontra diante de nossos olhos; a verdadeira batalha se inicia a partir daí — seja quando ou onde for, esse é o princípio de ação imutável do presidente Ikeda.
Batalha contínua pela paz
Há um ditado popular da China que diz: “Quando beber água, não se esqueça da pessoa que cavou a fonte”.
Quarenta anos se passaram desde a primeira visita à China em junho de 1974. Naquele país, o presidente Ikeda é conhecido como a “pessoa que cavou a fonte da amizade sino-japonesa”.
O presidente da Associação da Amizade Sino-Japonesa, Tang Jiaxuan, declarou: “Se analisarmos a história da relação sino-japonesa, o Dr. Ikeda sempre foi o primeiro a se posicionar, promover a amizade e a nos orientar durante a época mais crucial entre os dois países”.
Em oito de setembro de 1968, o líder da SGI apresentou a primeira Proposta pela Normalização da Relação Sino-Japonesa e, a partir de então, empreendeu inúmeros outros esforços até a concretização da primeira visita ao país.
Naquele mesmo ano, a revista científica mensal Asia, na edição de dezembro, publicou um artigo do presidente Ikeda intitulado Por uma Cultura de Normalização da Relação Sino-Japonesa e, em junho de 1969, no romance Revolução Humana, ele escreveu: “Promoverei a paz entre China e Japão a todo custo”.
Os sucessores de Kenzo Matsumura, político de grande influência que lutou pela normalização da relação sino-japonesa, também criaram profunda expectativa nas ações do líder da SGI.
Nessa mesma época, a relação entre os dois países já esfriava sem demonstrar progresso algum e havia pessoas que severamente criticavam o presidente Ikeda dizendo: “Por que um líder religioso está usando gravata vermelha?!”. Mas, mesmo assim, ele continuava sua batalha pela paz e quem observava cuidadosamente esses esforços era o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai.
Em dezembro de 1974, o Dr. Ikeda foi à China pela segunda vez e, nessa visita, ocorreu o “encontro de vida” com o líder chinês que, na ocasião, afirmou: “O presidente Ikeda está fazendo de tudo pela normalização da relação sino-japonesa e pela construção da amizade entre os dois povos. Para mim, não existe felicidade maior do que isso”.
Como o presidente Ikeda criou a “ponte de ouro” entre os dois países e fez surgir o “arco-íris da amizade” que transcende gerações? Em outras palavras, como o líder da SGI desbravou o caminho da paz mundial?
Partindo dessa questão e estudando a primeira visita ao país é que gostaríamos de abordar esse assunto.
A importância do conhecimento real
No fim de 1973, em resposta à solicitação da Associação da Amizade Sino-Japonesa, o presidente Ikeda transmitiu sua intenção de visitar o país.
Em março de 1974, a associação enviou uma carta de boas-vindas ao líder da SGI e a tão aguardada visita estava a um passo de se tornar realidade.
Confiança entre os povos
No dia 29 de maio de 1974, chegara o tão aguardado dia em que o presidente Ikeda, junto com a comitiva, realizaria a primeira visita à China.
No aeroporto de Haneda, antes da partida, ele se dirigiu aos membros que vieram até o local para se despedir, e compartilhou o propósito e significado daquela viagem: “Pelo âmbito do intercâmbio político e econômico, é comum que os fatores lógicos e de interesses sejam priorizados, mas isso naturalmente causa uma distância entre as pessoas. Partindo do princípio de que o intercâmbio cultural entre os dois países é fundamental e a promoção da amizade e contato de vida a vida é a nossa missão, meu objetivo é consolidar a eterna base de uma paz duradoura. Em especial, acredito que a educação seja o passo inicial para a criação dessa nova cultura. Espero trocar opiniões e experiências para a formação da educação da nova China. Além disso, a maioria dos componentes de nossa delegação é de integrantes da Divisão dos Jovens. Por isso, meu sentimento é que eles dialoguem e criem profundos laços de amizade com os jovens e estudantes da China, futuros líderes da nação. Tenho plena certeza de que, por meio desse intercâmbio entre os jovens, a compreensão mútua entre os dois países se aprofundará e, consequentemente, a confiança e a amizade também se fortalecerão”.
Esse foco e a determinação do presidente Ikeda são relatados no romance Nova Revolução Humana:
“Para Shin’ichi,1 o objetivo das relações diplomáticas entre os dois países não é apenas fazer com que materiais e objetos entrem e saiam de um país para o outro com mais facilidade, mas sim o intercâmbio cultural, de vida a vida. Além disso, essa relação entre jovens é capaz de criar o verdadeiro caminho da amizade que perdurará pelas futuras gerações. Essa é a minha absoluta convicção” (NRH, v. 20).
Os primeiros amigos da China
Há um ditado popular português que diz: “A primeira impressão é a que fica”.
A primeira visita do presidente Ikeda à China durou dezesseis dias, de 30 de maio a 15 de junho. No entanto, a viagem como um todo representava algo maior, o primeiro passo para a construção da ponte de ouro sino-japonesa.
Trinta de maio, dia chuvoso. Às 10h30 da manhã, a comitiva embarcou no trem e partiu da estação ferroviária de Jiulong, em Hong Kong, rumo à fronteira com a China e, após cerca de uma hora de viagem, chegou ao destino, a estação de Luohu. Nesse momento, a chuva já havia cessado. Após passar pelo departamento de imigração, os integrantes da comitiva caminharam até a estação de Shenzhen, na China.
Um pequeno rio separava Luohu de Shenzhen e, para ir de um lado para o outro, havia uma pequena ponte de ferro. Ao atravessar para Shenzhen, um jovem soldado verificou os passaportes dos membros da comitiva.
Às 11h50, finalmente dávamos o primeiro passo na China.
Ao sermos recebidos por três representantes da Associação da Amizade Sino-Japonesa, fomos levados a uma sala de espera da estação ferroviária de Shenzhen. E enquanto aguardávamos, o presidente Ikeda iniciou uma conversa com os representantes e logo eles se tornaram os nossos “primeiros amigos” chineses.
O primeiro representante tinha conhecimento das atividades do presidente Ikeda por meio do jornal Seikyo Shimbun. Ele sabia da luta da Soka Gakkai de não aceitar o talismã xintoísta imposto pelo governo japonês durante a guerra e também sobre a prisão do primeiro e segundo presidentes.
Em seguida, o segundo representante disse: “Eu conheço o pensamento [do presidente Ikeda] exposto na Revolução Humana”, e declamou: “A revolução humana de uma única pessoa irá um dia impulsionar a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade”. Ao ouvir isso, o líder da SGI respondeu: “Puxa, que maravilhoso! Nem eu, que sou o autor, me lembro dessa frase de cor”.
Sobre esse episódio, em 17 de maio de 1997, o Seikyo Shimbun publicou uma entrevista com esse representante. Ele disse: “Na primeira visita, o presidente Ikeda, junto com sua comitiva, atravessou a ponte de Hong Kong para a China. Eu o aguardava do lado da China como um dos representantes da Associação da Amizade Sino-Japonesa. Na época, era um intérprete recém-formado na universidade. Mesmo após uma longa viagem, o presidente Ikeda nos dedicava toda a sua atenção. O carinho, a compaixão e a confiança que depositava nos jovens tocaram profundamente meu coração”.
Assim, esse “diálogo da confiança humana” tornou-se o primeiro passo para a aproximação com a China.