Edição 2233 - Publicado em 28/Junho/2014 - Página B2
Depoimento de Kayoko Asano
Já estávamos em maio quando fui convocada para integrar a comitiva que iria para a China. Naturalmente, não sabia nada sobre o país e a insegurança era muito grande. Antes de nossa partida, procurei Ikeda Sensei e manifestei meu sincero sentimento: “Sensei, me desculpe, não estudei nada”. Então, ele disse: “Não se preocupe. Vamos lá sem nenhum julgamento precipitado. Esteja com o coração aberto para conhecer e compreendê-los” — assim ele me incentivou.
Passado o nervosismo, compreendi: “A verdadeira amizade se inicia quando temos o coração aberto e a boa-fé de abraçar a pessoa, independentemente de quem seja”.
Depoimento de Minoru Harada
A China, na época, vivia o ápice da Revolução Cultural. Sem muita informação concreta sobre os fatos, tínhamos a imagem de que era um país assustador e esse medo era predominante entre a maioria.
Logo após a primeira visita do presidente Ikeda ter sido agendada, uma delegação foi formada e eu fui um dos selecionados para compor o grupo. Lembro-me de que, nos meses de abril e maio, realizamos os preparativos buscando mais informações nos jornais e livros, além de ouvir histórias de diversos políticos. Foi, sem dúvida, uma época muito intensa.
Certo dia, em meio a essa correria, estávamos no escritório fazendo os preparativos como sempre e, de repente, o presidente Ikeda adentrou a sala e nos pegou de surpresa. “Ikeda Sensei está observando toda a nossa preparação, com certeza deverá ficar tranquilo”, pensei. Ele disse: “Simplesmente juntar informações jamais fará com que aprendam e conheçam a verdadeira China. Pelo contrário, serão influenciados pelas diferentes visões e não serão capazes de compreendê-la corretamente. Como praticantes do budismo, o importante é aprofundar o ‘conhecimento real’. Tirem imediatamente da mesa todos esses livros e jornais que juntaram”. Prontamente tiramos os materiais de cima de mesa.
“‘Conhecimento real’ significa enxergar a realidade sem distorção” — senti que foi uma orientação que abriu meus olhos para a verdade.
Da mesma forma, a maneira como o presidente Ikeda encarava as questões diplomáticas da China era a própria maneira de enxergar a natureza humana de uma pessoa por meio dos ensinamentos budistas. E hoje, esse “conhecimento real” tornou-se a base fundamental para os diálogos e atividades da amizade entre os dois países.
Depoimento de Naomi Yamazaki
É natural que as relações diplomáticas entre dois países mudem de acordo com as circunstâncias da época e é justamente por essa razão que o presidente Ikeda ansiava pelo intercâmbio que provocasse essa transformação: o intercâmbio cultural, o educacional e o dos jovens. Ou seja, todos eles têm como fundamento o ser humano. Essa mesma determinação do Ikeda Sensei deve ser transmitida perfeitamente aos outros.
Após retornarmos para o Japão, o presidente Ikeda concedeu uma entrevista para uma revista na qual dizia: “É necessário que promovamos um diálogo e intercâmbio entre os povos que supere os âmbitos e interesses políticos e econômicos. Ou seja, uma relação entre os povos embasada na confiança é a maior premissa”.
Ao ler aquelas palavras, o nervosismo e a insegurança que tomavam conta de mim antes de sua primeira visita ao país sumiram e fizeram brotar uma nova determinação de conhecer e criar verdadeiros laços de amizade com a pessoa que está diante de mim.
Depoimento de Kayoko Asano
Lembro-me de que, quando atravessamos a fronteira, o nervosismo tomou conta de nós novamente. Ikeda Sensei notou isso e com um sorriso nos disse: “Vamos avançar tranquilamente, sem nervosismo. Sejam vocês mesmos. Basta criarmos o ‘caminho da amizade’”.
Tudo transcorreu da forma como ele nos disse e, de fato, no primeiro encontro com os representantes da associação não havia nenhuma tensão. Mesmo durante a viagem, o presidente Ikeda recebia diversas dúvidas dos intérpretes e, como forma de corresponder à sincera dedicação e preocupação deles, dava o máximo de si para respondê-las e ajudá-los com a preparação. Tanto nós, integrantes da comitiva, como os representantes da associação ficamos profundamente tocados e isso nos aproximou cada vez mais.